universo perpendicular



você e eu
que tão distantes
somos no céu
um mesmo instante.

você e eu
que tão infantes
somos no breu
estrelas amantes

você e eu
um em terra, um em mar
somos ao léu
nebulosa no olhar

você e eu
e esta coisa de amar
construímos o meu
universo perpendicular.

elektron

Os elétrons surgem e desaparecem ao acaso.
Surgem
Ressurgem
Passeiam
Em órbitas jamais vistas.

São planetas?
São estrelas?
Têm eternidades
Entre seus orbitais?
Têm orbitais
Entre seus quarks?
Têm vida
Entre nossas ignorâncias?

Os elétrons são o sonho
que a incerteza não pode determinar
em que lugar do infinito está?
Os elétrons são o sonho
que a eternidade não pode dizer
em que tempo poderá chegar?

Eu sonhei que este nosso mundo
era um grão na palma da mão
de uma criança de um universo imenso
e enquanto a criança ri nas areias de seu mundo
buscamos o significado do infinito
sem termos sequer noção da nossa insignificância.

Crise Inexistencial

Deixa-me ser meu universo!
Somos do todo mas não somos plural.
Talvez um alfinete no equilíbrio de forças
Talvez 7 dias de uma lenda absurda
Mas somos todos sem ser plural.

Deixa-me ser meu ser!
Deixa-me ser singular!
Eu não quero permanecer nesta era
Nem quero estar a mercê das horas.

Não sou pequeno nem significante o bastante
Para ver todas as dimensões.
Sinto-me preso.
Preso a esta realidade
Que talvez seja uma ilusão.

Dá-me a minha singularidade,
é tudo o que peço às minhas impotências.
Dá-me a minha singularidade
Que singularidade é onde o espaço e o tempo terminam.

Incrédula

Eu não sei acreditar em trindades
e duvido até destas quatro forças
em que uma é forte, outra é fraca,
uma puxa ao chão, outra puxa ao metal.

Eu não sei acreditar, eu não sei,
eu só sei conhecer, eu quero conhecer
cada força que me permite ser caos
cada caos que me dá tanta força
para buscar.

Marte




Lá, habitado por nossas sondas (sucatas)
E por tantas areias e cordilheiras
Abrasadoras e encobertas por vermelhidão,
Lá, reside mais uma crença.
Uma terra, que não Terra,
Onde as nuvens não parecem algodão
E os oceanos são gelo e são secura
Mas ainda assim podem um dia ser explorados
Por caravelas nanotecnologicamente construídas
Pela engenhosidade desses novos tempos
De exploração da própria raça e da própria casa
Assim como é sepulcro de protoprocariotos.
E nos doam mil esperanças de outra alternativa
Sem lembrarem que pode-se fazer algo
Para que aqui não torne-se outro lá.

O Astronauta

Embarcando no foguete
Ele passeia nos mares mais puros
Em busca de novos destinos
Esquecido de que é fração,
Esquecido de um universo
Que o engloba e o abriga.

Embarcando no foguete,
Capitão sem destino ou marujo
Lá se vai o astronauta
Querer explorar os arredores do seu mundo
Para entender novos pedaços
Para colonizar ilusões e fórmulas.

Embarcando no foguete,
Afogado em objetivos
Ele ainda está distante
Das estrelas e do saber.
Lá se vai o astronauta
Caracol numa nebulosa,
Um fóton no porão escuro
Desta nau para o futuro
Que só quer conhecer o passado
Que nos presenteou a existência.

Canção

"O silêncio destes espaços infinitos me apavora." (Pascal)


Quando eu acordei para sonhar
Ouvi só as melodias que emanam
Dos mistérios mais brilhantes.

Quando eu acordei para sonhar,
O universo era um maestro
A comandar a mais bela orquestra
De acaso e luz.

Quando eu acordei para sonhar
Este sonho que se chama vida
Vi a vida que nasce no tom do sol.
E não quis acordar, quis entender as estrelas
Para que depois do sol, a poesia chegasse lá.

Quando eu acordei, ah, os olhos fecharam!
As distâncias decresciam azuladas,
Cada instante criara outra dimensão,
E eu media com meus passos de poeta
A melodia que se propaga nula no breu
De cada nota, cada tom e imperfeição.

Espiritual


O espírito das eras vaga em nossos corpos
Quando ecoa pelo tempo o infinito 
De sermos eternos não como nós
Mas como parte do todo.

Eu vim buscar alento na razão.
E ela me acalma e me encanta
Com seus métodos, provas, dúvidas.

Onde há busca há motivo.
As palavras desordenam-se covalentes,
As contestações oxidam o ilusório,
Enquanto orbito em torno de um cosmo
Para chegar ao fundo de mim.

Amor

Como se fosses um príncipe do princípio da luz
Com teus braços que não curvam mas inundam
Eu me sinto envolta em teus abraços.
Vinde a mim, casar-me-ei contigo, universo!
A coroar-me com órion, deitar-me na nébula,
A usar como alianças os anéis de saturno
A ter todas as tuas luas de mel e de rocha.
Sinto-me alimentada pelo leite de Era
E sinto-me em tantas eras que brilham
Neste céu que me presenteia com o passado
Daquilo que aos olhos inocentes se faz eterno.
Mergulha-me neste brilho que cintila
Por entre abismos de escuridão e mistério.
Vinde a mim, casar-me-ei com teu infinito
Desconhecendo os limites, se é que existem,
Pincelando no meu sentir a tua beleza,
Sentindo-me finalmente como parte do que sou.
Como se houvesse alguém assoprado a luz
Que se divide por tantas imensidões e ilusões;
Como se veludos e sedas acobertassem
As respostas, as dimensões, outras tantas vidas,
Deleito-me com o infinito que é ser fragmento.
Massageia minhas agonias com teu caos
Que infiltra-se em meus desejos de saber-te
Que infiltra-se em meus olhos e sentimentos.
Eis aqui uma das tuas tantas insignificâncias
Que te fazem o único significado.
Vinde a mim, casar-me-ei contigo, universo!
Carrega-me na ilusão de estar presa a este mundo,
Invade-me no desengano de não ser centro nem poder,
Inunda-me no gozo de ser luz e ser vazio!

O Elétron e o Planeta

As diferenças são tão sutis
Num mundo que é desigual
Por ser desigualmente distruibuído
O olhar da consciência...

Ah, quem me dera poder
Equacionar todas as soluções!
Quem me dera ver o mundo
De todos os referenciais,
Poder correr do infinito ao nulo
E ver que estava no mesmo lugar...

Quero cantar que as mesmas leis
Que regem a órbita de um elétron
Regem a órbita de um planeta.

Ver um manto de quarks,
Um sol de cargas positivas
E viver na incerteza mais pura
De não saber a hora se souber o lugar
De não saber o lugar se souber a hora.

Somos tão pequenos
Diante da grandeza que é ser
Feito da luz e da poeira da estrela.

Olhe:Orbitamos em torno de nós
Mas não vemos que somos também
Aquilo que nem desvendamos ainda
Mas fizemos ficar contido
No nome de universo...

Pare! Somos parte de uma trajetória
Que se expande desde seu princípio.
Mas não chames o princípio
De pai.
Chames o princípio
De semente.

Somos também sementes
Do fruto do fruto da semente
Que de tão densa por ser tão minúscula
Ultrapassa qualquer peso
E qualquer esforço da nossa razão.

Olhe: Quem sabe um elétron
Também não é um planeta?
Não sabemos mensurar o universo,
Não sabemos enxergar sequer um próton,
Quem somos nós, afinal,
Para afirmarmos que estamos aqui
Se aqui pode nem mesmo ser um lugar?

O acaso e a descoberta

Poema de 2008, mas se encaixa no blog





Contestações filosóficas
Classificações científicas
Loucuras específicas
Certezas utópicas.

Resumo a vida em fórmulas
Resumo fórmulas em poemas
Tudo é um conjunto de reações
E as reações têm em si um sorriso.
Tudo é algo impreciso
Por suas infinitas razões.

Nós,frutos de milhões de anos,
De átomos,de células,de apomorfias.
Nós sobrevivemos em enganos
Enquanto a realidade nos repudia.

O acaso e a descoberta
Estão unidos aqui,em mim.
Eu quero a coisa certa
Mas não quero a certeza do fim.

O concreto também fascina
E por isso faço uma rima
Desiludida,cética,mas real.
Eu uno o acaso e a descoberta
A filosofia,a ciência, a falta de meta
Faço da pedra indestrutível cristal.

A New Universe



I wanna create
Another universe
Inside my mind.

Without my mistakes
Just changing the course
Of this wrong life.

I wanna create
I wanna dig out
I wanna just make
True colors for try.

I wanna create
Another universe
Inside my mind.

I don't wanna these theories
'Cause they can't describe
What my chaos hides.
So I wanna create
a new universe
Inside my mind.

I wanna disturb
These stars that there shine.
'Cause I wanna create
Also another sky
Inside my mind.

I wanna reveal
The secrets of life
With a new science
And a new way to find
What you'd never find.
I'm starting to make
Another universe
Inside my mind.

Where the people don't think
That are in the center
Of something uncountable.
Where the people don't need
Hide love in a lie.
Where my truths can breath
And  not inspire my cry.

I wanna create
Another universe
Inside my mind.

I wanna can reveal
What you make me feel
When your fear falls down
And your pride is outside.
I wanna remake
Each converse
That made me cry.

I wanna break down
Jealousies and memories,
All the old enemies
That live around my mind.
I wanna have faith
On the pleasure of know
Another limit, another side
Of the experience of life.

I want ideas
Raining in grace
With endless and empiric
Reasons why.
I wanna know how walk
Trough the closed doors.
I wanna can talk
And sing for the stars.

I will create a new order
New elements, new forces,
New smells and flavors,
New secrets for to desire.
I wanna create
Another universe
(Since the atomic to the light-year)
Inside my mind.

I need see where I can go
To Have my way at my hand
To Paint my face before erase
All the pain I have inside.

I just wanna create
Another universe
Inside my mind,
Where I'd know myself
and Understand the choices
From the chaos, from the light.
Maybe I just wanna reveal
My own universe
Hidden on my lost mind.

O que canto

Não hei de cantar a figura e a proeza humana
Medindo o tudo pelos passos errôneos
Destes seres, resquícios da verdadeira grandeza.
Hei de cantar o silêncio do vácuo.
O silêncio que envolve o desconhecido,
Este deus, que nos traz busca e propósito.
Hei de cantar estremecida e latente
A utopia que é ver o infinito.
Me dôo ao cosmos em verso e amor,
como se doa uma estrela ao amado,
Como a terra se doa a luz da lua
E a lua se doa a luz do sol
Pequena grande estrela
Para nós, tão insipientes e iludidos
Por crermos inconscientemente
Que é imenso o que é nosso.
Estrelas sorriem irônicas
Esperando que nós as desvendemos
Dessa nossa totalidade traiçoeira e singela,
Então eu canto para elas
Sob o domínio de meu encanto.

De Luz e Vazio

Eu não tenho alento na matéria.
A matéria é só meu corpo
E meu corpo é só poeira
De um espaço tão infinito
Que sinto-me excesso por ser nada.
Eu não tenho conforto na luz,
Pois de luz também sou feita
E à luz sucumbo clemente
Por uma paz que busco no caos.
Eu não tenho sono nem despertar,
Não possuo sentimentos eternos,
Eu só tenho, ó céus, estas palavras
Que para mim já são tanto
Que nelas eu poderia deitar-me
Afogar-me, vestir-me, amar-me,
No leito e no minúsculo universo
De ser um verso do tudo
Que nada mais é que um poema
De luz e vazio.

A fúria do cosmos

Os anéis de saturno envolvem-me
com sua poeira sedosa ao olhar e ao sonho.
Mil universos se acumulam em gravidade
nos meus braços nebulosos.
Carrego neles fardos invisíveis e densos
Junto a brilhos espetaculares
Que bailam nos meus fragmentos
de mil infinitos.
Marte faz-me guerra comigo mesma.
Brota do breu um brilho
Que jorra tal qual uma fonte
e decai mais lento que uma lágrima
distante anos-luz da paz.
Não se pode ouvir sequer um ruído.
Não adianta emitir. Nem o ouse.
Só a luz, mãe e filha da matéria,
Pode escorregar por este oceano 
De sinfônicas explosões
Num solo tão melódico e tão furioso
Do eterno momento do silêncio.
As dores tornam-se vísceras de rocha
E luz e poeira e nébula e gás.
As vísceras são compressas, esmagadas,
Tortuosamente compactadas 
E ao mesmo tempo tão explosivas
Que foge do vazio a dor e a anti-dor,
A matéria e a anti-matéria,
O grito de mais um poema.
Outro universo se cria! Explosões!
Mas só ficam as faíscas de paz
No desalento frio da nebulosa.
A fúria acelerada de estrelas
Decadentes e ascendentes
É trêmula e é estapafúrdia.
A fúria exclama cada gota de ódio
E de lembranças de outras eras
E de outros universos.
A fúria do meu cosmos constrói-me
E ergue-me em pedestais cristalinos
Iluminados por grandezas distantes
Que tornam-se insignificantes
Se não posso ir até lá.
A fúria do meu cosmos massacra!
Aperta a origem até extrair toda a luz,
Enforca pleiades e super novas!
A fúria marcha tal qual um exército de caos
E ataca  infernos e céus dentro de mim
Enquanto eu explodo em asteróides e meteoros,
Derramando uma rotineira chuva de cometas
Guardados em lágrimas.

Andressa Araújo



Este é o poema que me deu a idéia deste blog.
Aqui, só se falará dos meus universos.
Sinta-se distante do chão e mais perto do infinito