Amor

Como se fosses um príncipe do princípio da luz
Com teus braços que não curvam mas inundam
Eu me sinto envolta em teus abraços.
Vinde a mim, casar-me-ei contigo, universo!
A coroar-me com órion, deitar-me na nébula,
A usar como alianças os anéis de saturno
A ter todas as tuas luas de mel e de rocha.
Sinto-me alimentada pelo leite de Era
E sinto-me em tantas eras que brilham
Neste céu que me presenteia com o passado
Daquilo que aos olhos inocentes se faz eterno.
Mergulha-me neste brilho que cintila
Por entre abismos de escuridão e mistério.
Vinde a mim, casar-me-ei com teu infinito
Desconhecendo os limites, se é que existem,
Pincelando no meu sentir a tua beleza,
Sentindo-me finalmente como parte do que sou.
Como se houvesse alguém assoprado a luz
Que se divide por tantas imensidões e ilusões;
Como se veludos e sedas acobertassem
As respostas, as dimensões, outras tantas vidas,
Deleito-me com o infinito que é ser fragmento.
Massageia minhas agonias com teu caos
Que infiltra-se em meus desejos de saber-te
Que infiltra-se em meus olhos e sentimentos.
Eis aqui uma das tuas tantas insignificâncias
Que te fazem o único significado.
Vinde a mim, casar-me-ei contigo, universo!
Carrega-me na ilusão de estar presa a este mundo,
Invade-me no desengano de não ser centro nem poder,
Inunda-me no gozo de ser luz e ser vazio!