O Astronauta

Embarcando no foguete
Ele passeia nos mares mais puros
Em busca de novos destinos
Esquecido de que é fração,
Esquecido de um universo
Que o engloba e o abriga.

Embarcando no foguete,
Capitão sem destino ou marujo
Lá se vai o astronauta
Querer explorar os arredores do seu mundo
Para entender novos pedaços
Para colonizar ilusões e fórmulas.

Embarcando no foguete,
Afogado em objetivos
Ele ainda está distante
Das estrelas e do saber.
Lá se vai o astronauta
Caracol numa nebulosa,
Um fóton no porão escuro
Desta nau para o futuro
Que só quer conhecer o passado
Que nos presenteou a existência.

Canção

"O silêncio destes espaços infinitos me apavora." (Pascal)


Quando eu acordei para sonhar
Ouvi só as melodias que emanam
Dos mistérios mais brilhantes.

Quando eu acordei para sonhar,
O universo era um maestro
A comandar a mais bela orquestra
De acaso e luz.

Quando eu acordei para sonhar
Este sonho que se chama vida
Vi a vida que nasce no tom do sol.
E não quis acordar, quis entender as estrelas
Para que depois do sol, a poesia chegasse lá.

Quando eu acordei, ah, os olhos fecharam!
As distâncias decresciam azuladas,
Cada instante criara outra dimensão,
E eu media com meus passos de poeta
A melodia que se propaga nula no breu
De cada nota, cada tom e imperfeição.

Espiritual


O espírito das eras vaga em nossos corpos
Quando ecoa pelo tempo o infinito 
De sermos eternos não como nós
Mas como parte do todo.

Eu vim buscar alento na razão.
E ela me acalma e me encanta
Com seus métodos, provas, dúvidas.

Onde há busca há motivo.
As palavras desordenam-se covalentes,
As contestações oxidam o ilusório,
Enquanto orbito em torno de um cosmo
Para chegar ao fundo de mim.