O Elétron e o Planeta

As diferenças são tão sutis
Num mundo que é desigual
Por ser desigualmente distruibuído
O olhar da consciência...

Ah, quem me dera poder
Equacionar todas as soluções!
Quem me dera ver o mundo
De todos os referenciais,
Poder correr do infinito ao nulo
E ver que estava no mesmo lugar...

Quero cantar que as mesmas leis
Que regem a órbita de um elétron
Regem a órbita de um planeta.

Ver um manto de quarks,
Um sol de cargas positivas
E viver na incerteza mais pura
De não saber a hora se souber o lugar
De não saber o lugar se souber a hora.

Somos tão pequenos
Diante da grandeza que é ser
Feito da luz e da poeira da estrela.

Olhe:Orbitamos em torno de nós
Mas não vemos que somos também
Aquilo que nem desvendamos ainda
Mas fizemos ficar contido
No nome de universo...

Pare! Somos parte de uma trajetória
Que se expande desde seu princípio.
Mas não chames o princípio
De pai.
Chames o princípio
De semente.

Somos também sementes
Do fruto do fruto da semente
Que de tão densa por ser tão minúscula
Ultrapassa qualquer peso
E qualquer esforço da nossa razão.

Olhe: Quem sabe um elétron
Também não é um planeta?
Não sabemos mensurar o universo,
Não sabemos enxergar sequer um próton,
Quem somos nós, afinal,
Para afirmarmos que estamos aqui
Se aqui pode nem mesmo ser um lugar?