De Luz e Vazio

Eu não tenho alento na matéria.
A matéria é só meu corpo
E meu corpo é só poeira
De um espaço tão infinito
Que sinto-me excesso por ser nada.
Eu não tenho conforto na luz,
Pois de luz também sou feita
E à luz sucumbo clemente
Por uma paz que busco no caos.
Eu não tenho sono nem despertar,
Não possuo sentimentos eternos,
Eu só tenho, ó céus, estas palavras
Que para mim já são tanto
Que nelas eu poderia deitar-me
Afogar-me, vestir-me, amar-me,
No leito e no minúsculo universo
De ser um verso do tudo
Que nada mais é que um poema
De luz e vazio.