O que canto

Não hei de cantar a figura e a proeza humana
Medindo o tudo pelos passos errôneos
Destes seres, resquícios da verdadeira grandeza.
Hei de cantar o silêncio do vácuo.
O silêncio que envolve o desconhecido,
Este deus, que nos traz busca e propósito.
Hei de cantar estremecida e latente
A utopia que é ver o infinito.
Me dôo ao cosmos em verso e amor,
como se doa uma estrela ao amado,
Como a terra se doa a luz da lua
E a lua se doa a luz do sol
Pequena grande estrela
Para nós, tão insipientes e iludidos
Por crermos inconscientemente
Que é imenso o que é nosso.
Estrelas sorriem irônicas
Esperando que nós as desvendemos
Dessa nossa totalidade traiçoeira e singela,
Então eu canto para elas
Sob o domínio de meu encanto.